quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

SERPENTE

Eu não sou uma flecha
Reta e tensionada
Que mira uma maçã católica
Eu sou a serpente sinuosa
E poeta
Que delineia, ao tracejar
caótica
As pragas endêmicas do Éden
E troca de pele e pede e repele
E troca de pele e peca e repete
Se tranca na toca
E não sai por menos
Que o ovo do novo
Verseja venenos
E engole bois inteiros só de aperitivo

Sou a serpente que persegue a serpente que sou
Sou perseguido pela serpente que só persegue a si

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