quinta-feira, 22 de novembro de 2018

OROBORANSIOSO


Oroboransioso
Eu fujo
Eu caço
Sou eu quem me devora
Em finito
A parte é o todo
E ninguém me perguntou
Se eu queria fazer pacto 
Pra ser parte do contrato
Da existência
De consciência
Ou pós ciência
Nada disso faz sentido
Ou aponta um sentido
Só um
Em círculos
Procurando, eu, o que promete
Sou meu pássaro e Prometeu
Nada disso me agrada
E minha fome me degrada
E o sabor não é gostoso
Oroboransioso

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

CABEÇA CHEIA, OFICINA DE VIADO


Chifre de diabo
Chifre de viado
Anticoroa y
Antena
Mente sempre cheia
Oficina
Casa
Cabeça
Meu casulo
Minha anticaverna
Aberta vinte quatro horas
Pois, logo, é
E se não cresce pra fora
Ou cresce pra dentro
Ou atrofia
Então fia & desfia
Ideia
Verso ou
Fantasia

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

HORIZONTAL

 Minha disposição para a sozinhez é cada vez menor. Minhas nuvens, que cobriam o espaço em uma névoa, tornando a observação um processo fantasioso e suficiente, andam rarefeitas e, também, indispostas.
 Por outro lado, a agudez dos meus carentismos é progressivamente mais branda, como uma criança que encontrou no tempo o melhor remédio para uma rinite, asma ou alergia de estimação.
 Assim, comprar indiscriminadamente pacotes de figurinhas novas parece, à cada dia, mais imprudente, tal qual entregar o peso do corpo em lãs de laços frouxos (seja pela saturação, seja por terem sido atados desse modo desde o início)
 No fim das contas, agora, é preciso estar. Agora. Sem nuvens. No lugar, no horário e neste saco, molhado e frágil, de carne e osso.
 É preciso arrumar as caixas e pegar no volante. É preciso, ativamente, guardar as coisas nas caixas e dirigir. E esperar. E dirigir. E esperar. E dirigir...
No único sentido possível pelas leis universais desse caminho de mão única. O do horizonte.