CONTRATO-MANIFESTO DO CONSENSO

SUJEITAS

Sejamos sujeitas sujas
Juntas
Em jornada justa
Com grito de já estampado no peito

Sejamos além dos júris
Dos adjetivos
Das manchetes de jornal

Sejamos autogestoras
O giz que propõe
Professora
Um desenho-contorno
Projeto de mundo

Um jeito profundo de corpo

Sejamos degenerados
Um novo dado nas regras do jogo
A jarra que transborda
Sejamos um transtorno

O gesto urgente, agressivo e gentil

DANDO VOLTAS

Tenho tido sonhos escapistas
Escrito listas de dilemas 
Entrando em filas sem senha 
Que principiam pelo fim 

Quanto de mim é espera? 
E nessa esfera, quanto é ferida? 
Ando corrido na pista 
Que finaliza em princípio 

Nos precipícios das linhas do tempo 
Vou colar as pontas do horizonte 
Que dando voltas, só volta no onde 
Que é longe, 
Que é perto, 
Que é certo 

Que é eu

OS MENINOS DO METRÔ

Os meninos do metrô
De mãos dadas
Lábios juntos
Tricotando um ao outro
Com as linhas do caminho
Encostados
Sem um vão
Que separe os dois tecidos
Malha
Teia de carinho
Costurando com afeto
No trajeto
Com alinho.

TUDO

Todas as promessas que me prometi
Todas projeções nas quais me projetei
Todos os projetos pra chegar aqui
Tantos os processos que eu já nem sei
Torço pro projétil acertar ali
Nestes alvos turvos que arquitetei
Tonto eu professo mal estar assim
Tortos os trajetos nos que já pisei.

Tanto torço e tudo anda tonto e torto.