quarta-feira, 30 de maio de 2018

RIO


Eu quero o tempo de um rio comprido
E o seu barulho alto e tranquilo
Sua transparência
Água intensa e calma

Eu quero a paisagem de um rio extenso
Insinua imenso, mas nunca se esconde
Profundo e sinuoso, um rio cristal de banho
Eu quero um rio tamanho de diluir venenos

Eu não quero por menos do que movimento
O rio encontro, o rio confronto: sábia                                  [confluência
A ciência ancestral de um barco-rio serpente
Correndo o rio de virar mar no lar da                              [transcendência

segunda-feira, 28 de maio de 2018

ROSAS ROMÂNTICAS, ANTÚRIOS ESTRANHOS


 Eu plantei um jardim ao redor das minhas ausências. Rosas românticas e antúrios estranhos contornando os meus vazios como uma moldura rubra. Uma fronteira viva, que começou como desculpa para segurança, mas perdura como um monumento para o meu sofrimento. Caminho ao redor do poço regularmente, um hábito recorrente que já se tornou automático. Um vício do espírito.
 O choro vermelho das minhas pernas, o trauma aberto dos espinhos das flores, não pode mais ser separado da coloração das plantas. Atualmente ele as rega. Encharca. Paixão, Raiva e Luxo em um pigmento vibrante, exótico e inexorável.
 Vez em quando, em um cultivo de ódio e adoração, eu recito coisas bonitas, berro lamentos desesperados e brinco de mal me quer ao redor do buraco. Ouço o eco que ricocheteia em suas paredes, um acalanto no volume da autoimportância, um ode no timbre da solidão.