segunda-feira, 28 de maio de 2018

ROSAS ROMÂNTICAS, ANTÚRIOS ESTRANHOS


 Eu plantei um jardim ao redor das minhas ausências. Rosas românticas e antúrios estranhos contornando os meus vazios como uma moldura rubra. Uma fronteira viva, que começou como desculpa para segurança, mas perdura como um monumento para o meu sofrimento. Caminho ao redor do poço regularmente, um hábito recorrente que já se tornou automático. Um vício do espírito.
 O choro vermelho das minhas pernas, o trauma aberto dos espinhos das flores, não pode mais ser separado da coloração das plantas. Atualmente ele as rega. Encharca. Paixão, Raiva e Luxo em um pigmento vibrante, exótico e inexorável.
 Vez em quando, em um cultivo de ódio e adoração, eu recito coisas bonitas, berro lamentos desesperados e brinco de mal me quer ao redor do buraco. Ouço o eco que ricocheteia em suas paredes, um acalanto no volume da autoimportância, um ode no timbre da solidão.

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