quinta-feira, 15 de novembro de 2018

HORIZONTAL

 Minha disposição para a sozinhez é cada vez menor. Minhas nuvens, que cobriam o espaço em uma névoa, tornando a observação um processo fantasioso e suficiente, andam rarefeitas e, também, indispostas.
 Por outro lado, a agudez dos meus carentismos é progressivamente mais branda, como uma criança que encontrou no tempo o melhor remédio para uma rinite, asma ou alergia de estimação.
 Assim, comprar indiscriminadamente pacotes de figurinhas novas parece, à cada dia, mais imprudente, tal qual entregar o peso do corpo em lãs de laços frouxos (seja pela saturação, seja por terem sido atados desse modo desde o início)
 No fim das contas, agora, é preciso estar. Agora. Sem nuvens. No lugar, no horário e neste saco, molhado e frágil, de carne e osso.
 É preciso arrumar as caixas e pegar no volante. É preciso, ativamente, guardar as coisas nas caixas e dirigir. E esperar. E dirigir. E esperar. E dirigir...
No único sentido possível pelas leis universais desse caminho de mão única. O do horizonte.

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